quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O HOMEM-MÁQUINA


O homem máquina é a besta mais infeliz que existe neste vale de lágrimas, mas, ele tem a pretensão e até a insolência de autotitular-se Rei da Natureza.

“NOSCE TE IPSUM”, “Homem, conheça a ti mesmo”. Esta é uma antiga máxima de ouro escrita sobre os muros invictos do Templo de Delfos na antiga Grécia.

O homem, esse pobre Animal Intelectual que se qualifica equivocadamente de Homem, inventou milhares de máquinas complicadíssimas e difíceis e sabe muito bem que, para poder servir-se de uma máquina, necessita, às vezes, largos anos de aprendizagem. Mas, logo que se trata de si mesmo, esquece-se totalmente deste fato, embora o mesmo seja uma máquina mais complicada do que todas as que inventou.

Não há homem que não esteja cheio de ideias totalmente falsas sobre si mesmo. O mais grave é que não quer dar-se conta de que realmente é uma máquina.

A Máquina Humana não tem liberdade de movimentos. Funciona unicamente por múltiplos e variadas influências interiores e choques exteriores. Todos os movimentos, atos, palavras, ideias, emoções, sentimentos, desejos, da Máquina Humana são provocados por influências exteriores e por múltiplas causas estranhas e difíceis.

O Animal Intelectual é um pobre boneco falante com memória e vitalidade, um boneco vivente que tem a tola ilusão de que pode fazer, quando, em realidade e de verdade, nada pode fazer.

Imaginem por um momento, querido leitor, um boneco mecânico automático, controlado por um complexo mecanismo.

Imaginem que esse boneco, que tem vida, se apaixona, fala, caminha, deseja, faz guerras, etc. Imaginem que esse boneco pode mudar de dono a cada momento. Devem imaginar que cada dono é uma pessoa distinta, tem seu próprio critério, sua própria forma de divertir-se, sentir, viver, etc., etc., etc.

Um dono qualquer querendo conseguir dinheiro apertará certos botões e, então, o boneco se dedicará aos negócios; outro dono, meia hora depois, ou várias horas depois, terá uma ideia diferente e porá o seu boneco a dançar e rir, um terceiro o porá a brigar, um quarto o fará apaixonar por uma mulher, um quinto o fará apaixonar por outra, um sexto o fará brigar com seu vizinho e criar um problema de polícia e um sétimo lhe fará mudar de domicílio.

Realmente, o boneco de nosso exemplo não tem feito nada, mas, ele acredita que, sim, tem feito. Tem a ilusão de que faz quando, em realidade, nada pode fazer porque não tem o Ser Individual.

Fora de toda dúvida, tudo acontece exatamente como quando chove, quando troveja, quando esquenta o Sol, mas, o pobre boneco acredita que faz. Tem a tola ilusão de que tudo tem feito quando, em realidade, nada tem feito, com seus respectivos donos os que se divertiram com o pobre boneco mecânico.

Assim, é o pobre Animal Intelectual, querido leitor, um boneco mecânico como o de nosso exemplo ilustrativo. Acredita que faz quando, em realidade, nada faz, é um boneco de carne e osso controlado pela legião de entidades energéticas sutis que, em seu conjunto, constituem isso que se chama Ego, Eu Pluralizado.

O Evangelho Cristão qualifica a todas essas entidades de Demônios e seu verdadeiro nome é Legião.

Se dissermos que o Eu é Legião de Demônios que controla a Máquina Humana, não estamos exagerando, é assim.

O Homem-Máquina não tem individualidade alguma, não possui o Ser, só o Ser Verdadeiro tem poder de fazer.

Só o Ser pode nos dar Verdadeira Individualidade. Só o Ser nos converte em Homens Verdadeiros.

Quem, de verdade, quiser deixar de ser um simples boneco mecânico, deverá eliminar cada uma dessas entidades que, em seu conjunto, constituem o Eu, cada uma dessas Entidades que jogam com a Máquina Humana. Quem, de verdade, quiser deixar de ser um simples boneco mecânico, tem que começar por admitir e compreender sua própria mecanicidade.

Aquele que não quer compreender nem aceitar sua própria mecanicidade, aquele que não quer entender corretamente este fato, já não pode mudar, é um infeliz, um desgraçado, mais lhe valesse pendurar-se ao pescoço uma pedra de moinho e jogar-se no mar.

O Animal Intelectual é uma máquina, mas, uma máquina muito especial; se esta máquina chegar a compreender que é uma máquina, se for bem conduzida e se as circunstâncias o permitirem, pode deixar de ser máquina e converter-se em Homem.

Acima de tudo, é urgente começar por compreender, a fundo e em todos os Níveis da Mente, que não temos Individualidade Verdadeira, que não temos um Centro Permanente de Consciência, que, em um momento determinado, somos uma pessoa e, em outro, outra; tudo depende da entidade que controle a situação em qualquer instante.

Aquilo que origina a ilusão da Unidade e Integridade do Animal Intelectual, é, por uma parte, a sensação que tem seu Corpo Físico, por outra parte, seu nome e sobrenomes e, por último, a memória e certo número de hábitos mecânicos implantados nele pela educação, ou adquiridos por simples e tola imitação.

O pobre Animal Intelectual não poderá deixar de ser máquina, não poderá mudar, não poderá adquirir o Ser Individual verdadeiro e converter-se em Homem Legítimo, enquanto não tenha o valor de eliminar, mediante a compreensão profunda e em ordem sucessiva, a cada uma dessas Entidades Metafísicas que, em seu conjunto, constituem isso que se chama Ego, Eu, Mim mesmo.

Cada ideia, cada paixão, cada vício, cada afeto, cada ódio, cada desejo, etc., etc., etc., tem sua correspondente entidade, e o conjunto de todas essas entidades é o Eu Pluralizado da Psicologia Revolucionária.

Todas essas Entidades Metafísicas, todos esses Eus que, em seu conjunto, constituem o Ego, não têm verdadeira ligação entre si, não têm coordenadas de nenhum tipo. Cada uma dessas Entidades depende totalmente das circunstâncias, mudança de impressões, sucessos, etc.

A Tela da Mente muda de cores e cenas a cada instante, tudo depende da Entidade que, em qualquer instante, controle a Mente.

Pela Tela da Mente, vão passando, em contínua procissão, as distintas Entidades que, em seu conjunto, constituem o Ego ou Eu Psicológico.

As diversas Entidades que constituem o Eu Pluralizado, associam-se, dissociam-se, formam certos grupos especiais de acordo a suas afinidades, brigam entre si, discutem, desconhecem-se, etc., etc., etc.

Cada Entidade da Legião chamada Eu, cada pequeno Eu, acredita ser o todo, o Ego total, nem remotamente suspeita que ele é tão somente uma ínfima parte.

A Entidade que jura amor eterno a uma mulher é deslocada mais tarde por outra Entidade que nada tem que ver com tal juramento. Então, o castelo de cartas se vai ao chão e a pobre mulher chora decepcionada.

A Entidade que hoje jura fidelidade a uma causa é deslocada amanhã por outra Entidade que nada tem que ver com tal causa e, então, o sujeito se retira. 
A Entidade que hoje jura fidelidade à Gnosis é deslocada amanhã por outra Entidade que odeia a Gnosis.

Os mestres e mestras de escolas, colégios e universidades devem estudar este livro de Educação Fundamental e, por caridade, ter o valor de orientar aos alunos e alunas pelo caminho maravilhoso da Revolução da Consciência.

É necessário que os alunos compreendam a necessidade de conhecer-se a si mesmos em todos os terrenos da Mente.

Necessita-se de uma orientação intelectual mais eficiente, precisa-se compreender o que somos e isto deve começar nos mesmos bancos da escola.

Não negamos que o dinheiro se necessita para comer, para pagar o aluguel da casa e nos vestir.

Não negamos que se necessita de uma preparação intelectual, uma profissão, uma técnica para ganhar dinheiro, mas, isso não é tudo, isso é o secundário; o primeiro, o fundamental, é saber quem sou?, o que somos ?, de onde vamos? para onde vamos?,  qual é o objeto de nossa existência?

É lamentável continuar como Bonecos Automáticos, Míseros Mortais, Homens-máquinas.

É urgente deixar de ser meras máquinas, é urgente nos converter em Homens Verdadeiros.

Necessita-se uma Mudança Radical e esta deve começar precisamente pela Eliminação de cada uma dessas Entidades que, em seu conjunto, constituem o Eu Pluralizado.

O pobre Animal Intelectual não é Homem, mas, tem dentro de si, em estado latente, todas as possibilidades para converter-se em Homem.

Não é uma lei que essas possibilidades se desenvolvam. O natural é que se percam. Só mediante tremendos superesforços, podem desenvolver-se tais possibilidades humanas.

Muito temos que eliminar e muito temos que adquirir. Faz-se necessário um inventário para saber quanto nos sobra e quanto nos falta.

É claro que o Eu Pluralizado sai sobrando, é algo inútil e prejudicial.

É lógico dizer que temos que desenvolver certos poderes, certas faculdades, certas capacidades que o homem-máquina se atribui e acredita ter, mas, que, em realidade e de verdade, não tem.

O Homem-Máquina acredita ter Verdadeira Individualidade, Consciência Acordada, Vontade Consciente, Poder de fazer, etc., e nada disso tem.

Se quisermos deixar de ser máquinas, se quisermos despertar Consciência, ter verdadeira Vontade Consciente, Individualidade, Capacidade de Fazer, é urgente começar por nos conhecer si mesmos e logo Dissolver o Eu Psicológico.

Quando o Eu Pluralizado se dissolve, só fica dentro de nós o Ser Verdadeiro.

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(V. M. SAMAEL AUN WEOR, Educação Fundamental)

https://eduardfis.wordpress.com/2012/12/05/o-homem-mquina/

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